Abrçavas-me. Silêncio. Com os meus braços cercava as tuas tuas costas estreitas, e sem tu veres eu sorria. Os meus olhos brilhavam de felicidade, fazia covinhas nas bochechas e uma ruga debaixo dos olhos. E nesse momento, silêncio interrompido por uma gargalhada suave, interior, dificilmente audivel, apenas reconhecida pela compressão do teu peito no meu. Depois dáva-mos as mãos. As minhas sempre geladas, que te faziam arrepiar. Depois olhavas-me e sorrias com aquele teu ar matreiro, mas ao mesmo tempo tão espontâneo e tão genuíno. Eu não resistia, e aí, erguia-me junto a ti, aproximava-me mais, e beijava-te os lábios finos que teimosamente considerava maiores que os meus. Deitava a cabeça no teu ombro, e silêncio. Esse silêncio que deliciosamente desejava que durasse para sempre, mas que era incapaz de manter. Interrompia-o com frases superfulas, mas que me pareciam ser as mais adquadas. Dizia-te "estou tão bem assim!" quando me pedias que me encostasse a ti, mas só to dizia porque sentia-te a ires embora. Sentia que ías voltar a ir embora, e que as saudades ja apertavam mesmo antes de saíres. E de novo o silêncio. Era esse o silêncio que temia.
Mexia-te no cabelo e tu gostavas! Olhava para ti, e perguntavas-me "o que foi?" e nem te respondia, porque por mim ficava todo o tempo a admirar-te. Eras perfeito. Mesmo quando o silêncio não era propriamente a resposta que esperava de ti em determinadas situações. O teu cheiro a empregnar-se nas minhas roupas e no meu cabelo. O delicioso sabor dos teus beijos. O carinho com o qual me agarravas com mais força quando me abraçavas em silêncio.
Despertei. Estava deitada na meia lua do céu negro e de repente ía caír da lua cheia e não havia estrelas nessa noite às quais me agarrasse.
Não vais voltar a adormecer com a cabeça no meu colo, porque nessa noite, não caí intacta. Desfiz-me em mil estilhaços brilhantes que magoarão quem os pise e que o vento por certo já fez voar para longe. Não há caçadores de vidrinhos, nem super-heróis que ajudem princesas em apuros. E as pessoas que eu precisava que me ajudassem fizeram questão de ficar com os pedacinhos brilhantes que lhes cabiam. Será que pelo menos, podes vir buscar o teu pedaço?
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