São essas ruas, frias e escuras que eu quero percorrer contigo. Quero
sentir o medo em mim, para que me abraces e me sinta segura. Dá-me as
tuas mãos e guia-me por entre a penumbra; eu desconheço todos os
espaços, mas confio em ti. E quando o vento me fizer arrepiar a
espinha, e as pontas dos dedos se deixarem de sentir, aperta-me com
força contra o teu peito, embrulha-me nos teus braços, faz com que eu
sinta o teu aconchego. Por entre as sombras da rua, escreverei a minha
história, com todos os sonhos, desejos e momentos que vivi. Não me
deixes fugir. Sem ti não conseguirei regressar, cairei morta de frio
sobre a calçada de pedra, na mais triste e negra noite.